quarta-feira, 24 de março de 2010

Diálogo da última noite em claro

- A gente tem tanto medo de penetrar naquilo que não sabe se terá coragem de viver.
- Verdade. Mas sou tão boba, acabo me jogando e nao consigo me buscar. Consegue entender?
- Como você sabe, sim como você sabe, a gente, as pessoas, infelizmente têm, temos, essa coisa: emoções.
- Por várias vezes achei que precisava de umas férias do mundo, da vida, dos sentimentos. Me fechar num mundo só meu!
- Não, meu bem, não adianta bancar a distante: lá vem o amor nos dilacerar de novo..
- Não quero mais ser dilacerada, cansei! E também não quero saber de você hoje..
- Eu só quero falar com você, escute. Eu tenho uma porção de coisas pra te dizer, dessas coisas assim que não se dizem costumeiramente, sabe, dessas coisas tão difíceis de serem ditas que geralmente ficam caladas, porque nunca se sabe nem como serão ditas nem como serão ouvidas, compreende?
- O que vai dizer? Pra tomar coragem? O que você diria no meu lugar? Já pensei tantas vezes nisso, tomei decisões, desisti. Ensaiei e não falei. Prometi e não cumpri.
- Não desista, vá em frente. Sempre há uma chance de você tropeçar em algo maravilhoso. Nunca ouvi falar em ninguém que tivesse tropeçado em algo enquanto estava sentado.
- Mas quero continuar sentada, posso? Você não tem idéia do que se passa comigo, Caio.
- E eu não sei explicar. Acho que é uma questão de amor. Como chegar para alguém e dizer de repente eu te amo para depois explicar que esse amor independia de qualquer solicitação, que lhe bastava amar, como uma coisa que só por ser sentida e formulada se completa e se cumpre? Pois se ninguém aceitaria ser objeto de amor sem exigências.. Acertei?
- Você me conhece bem demais. Mas ja desisti de amar as pessoas, a maioria não merece.
- Por isso eu acho que a gente se engana, às vezes. Aparece uma pessoa qualquer e então tu vai e inventa uma coisa que na realidade não é. E tu vai vivendo aquilo, porque não agüenta o fato de estar sozinho.
- É impressão minha ou não sou a única com problemas aqui? Anda, me fala sobre ela!
- Ela sempre fez o que quis. Mas não com... com agressividade, entende? quero dizer, ela está sempre tão dentro dela mesma que qualquer coisa que faça não é nem certa nem errada, é simplesmente o que ela podia fazer.
- E ela foi embora, te deixou e blá blá blá, acertei? E agora?
- Hoje eu acordei sem ter quem amar, mas aí eu olhei no espelho e vi, pela primeira vez na vida, a única pessoa que pode realmente me fazer feliz.
(De repente, um barulho!)
- Acho melhor você ir embora agora, Caio.
- Antes de ir, só mais uma coisa: diga o que você quiser, faça o que você quiser. Não diga nada, se achar melhor. Minta, não será pecado. Porque nem você nem eu somos descartáveis.
-Certo, lembrarei disso. Venha me ver mais vezes.

E sumiu, assim como surgiu.

terça-feira, 16 de março de 2010

Não consigo, não posso e não quero! Não consigo mais acordar todos os dias e perceber que tudo foi só um sonho, que você não estava aqui e que não estamos juntos. Que nada aconteceu nesse mundo.. só no que eu criei na minha cabeça, aquele no qual eu falo, faço e tenho tudo o que mais desejo, você. Não posso mais sentir essa agonia boa que me irrita! Não tenho motivos e, pensando bem, você nao merece tanto, sabia? Não se dá conta do quanto eu gosto de você, ou se dá e faz de conta que não, ou sabe e não assume, ou.. cansei dessas possibilidades impossiveis. E Não quero parar de sonhar com você quase diariamente, dormir e acordar com você na cabeça, respirar você e sentir isso nas veias... Nao quero parar de sentir isso que eu sinto só por você que nao sabe que eu sinto. Não quero que você pare de embaralhar minhas idéias embaralhadas e muito menos que suma dos meus pensamentos. Quero todas essas impossibilidades indo e vindo o tempo todo. E não quero que você saia do nosso mundo, o criado só pra nós dois.. Sem você nao tem meu mundo.. Odeio isso, sabia? E é isso que me motiva, é o que dá corda à minha caixinha de música. Sou aquela bailarinazinha que dança cada vez que a música toca, e você é a minha música.